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Resumo das notícias na Imprensa Sergipana em 3 de março

Infonet.com.br – Caluna Cláudio Nunes

Ana Lúcia revela ter sofrido ameaça de morte I

A deputada estadual Ana Lúcia (PT) denunciou em pronunciamento na
Assembléia Legislativa na manhã de ontem, 2, que está sofrendo ameaças
de morte. Segundo a deputada as ameaças contra ela e mais oito pessoas
tiveram origem por conta da militância a favor das comunidades
quilombolas da região do baixo São Francisco.

Ana Lúcia revela ter sofrido ameaça de morte II

Ana Lúcia não revelou as demais pessoas ameaças e limitou-se a dizer
que eram lideranças de quatro cidades do interior e funcionários
públicos do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra). De acordo
com a parlamentar, o Ministério Público Federal (MPF) e a Secretaria
de Segurança Pública de Sergipe (SSP) foram informados do imbróglio. A
deputada afirmou que entre as pessoas que fizeram a ameaça estão
proprietários de terra, gestores públicos e operadores do Direito.
(Infonet).

Solidariedade a Ana Lúcia e Cia

O blog é solidário a Ana Lúcia e todos os demais ameaçados, lamentando
que em pleno século XXI, pessoas ainda continuem com a prática das
ameaças de morte. É preciso que a Polícia Federal investigue este caso
que envolve os Quilombolas, e portanto, é um caso federal. Que estes
proprietários de terra e gestores públicos sejam denunciados e, se
possível, presos. A deputada Ana Lúcia faz um trabalho sério e merece
respeito e o apoio de todos os segmentos organizados da sociedade
sergipana.
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Infonet.com.br  Coluna  Adiberto de Souza

Bando de covardes
Cabe à Polícia investigar de onde partiram as ameaças de morte à
deputada Ana Lúcia (PT) e a outras oito lideranças para que a Justiça
puna esses crápulas
03/03/2011 – 07:55

As ameaças de morte à deputada estadual Ana Lúcia (PT) e a outras oito
lideranças que defendem os quilombolas do Baixo São Francisco partem
de um bando de covardes. Esse tipo de gente não tem coragem para
encarar seus desafetos olho no olho, não aceita as imposições da Lei e
acha que a violência é o melhor caminho para resolver questões
agrárias. Quem patrocina o crime de tocaia é um verme e por isso mesmo
não pode continuar vivendo entre os cidadãos descentes. Cabe à Polícia
investigar de onde partiram as ameaças para que a Justiça puna esses
crápulas antes que eles perpetrem seus desejos infames. A sociedade
sergipana precisa reagir com veemência contra esses mequetrefes antes
que eles façam valer suas vontades através do gatilho assassino de um
pistoleiro, como fizeram os que mandaram matar covardemente o
ex-deputado estadual Joaldo Barbosa.

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03/03/2011 – 07:16

Deputada Ana Lúcia denuncia ameaças
Parlamentar diz que ação favorável aos quilombolas do Baixo São
Francisco gera insatisfações na região.

JornaldaCidade.Net

Kátia Santana/ Da Equipe JC

A deputada estadual Ana Lúcia Menezes (PT) denunciou ontem que ela e
mais oito pessoas ligadas a movimentos populares estão sendo ameaçadas
de morte por conta do trabalho que desenvolvem em defesa dos
quilombolas na região do Baixo São Francisco. Sem citar nomes, segundo
Ana, entre os que vêm fazendo as ameaças estão proprietários de terra,
gestores públicos e operadores do Direito.

“O Ministério Público Federal está acompanhando tudo. A situação já
foi comunicada a várias instâncias que cuidam dos direitos humanos em
todo o país”, advertiu, ao discursar para uma galeria lotada de
trabalhadores de várias categorias, representantes da igreja e
moradores de áreas de quilombos. Ela adiantou que tem contado com o
apoio do governador Marcelo Déda, da Secretaria de Segurança Pública e
do Governo Federal.

Ao afirmar que não se deve aceitar que ocorra derramamento de sangue
no Estado, Ana ressaltou que “vivemos num Estado e num país que visam
consolidar a democracia”. Para ela, a luta é tensa e demonstra o poder
das elites de Sergipe. “A situação presenciada no Estado não é
diferente do Pará, de São Paulo ou de outras regiões do país”.

Ana alertou que “a situação é grave e é preciso garantir proteção para
todos os homens e mulheres que têm enfrentado a elite, os jagunços e a
pistolagem, sem armas, só com a coragem”.

Durante o pronunciamento, Ana revelou que um fazendeiro disse no
Ministério Público Federal que “ou se resolve a questão de Brejo
Grande ou haverá derramamento de sangue”. Para ela, isso revela o
poder das elites, no entanto, deve-se considerar que 80% das terras em
conflito pertencem à União.

“Ninguém tem a propriedade daquelas terras, formadas por brejos,
várzeas, rios. Os negros fugiam (dos coronéis) para lugares difíceis
como aqueles”, falou, lembrando da existência de antigos quilombos na
área. Ela disse que “muitos companheiros” de outros quilombos também
têm sido ameaçados constantemente.

Ana informou ter em mãos relatórios que foram encaminhados aos órgãos
que cuidam dos direitos humanos, além do Ministério Público Federal e
Polícia Federal. “Todos já sabem de tudo”, disse, observando que o
Ministério Público Federal tem papel importante para mediar o conflito
e fornecer garantias de segurança aos envolvidos.

“Quem tem terras e quem tem dinheiro quer a propriedade só para si e
explora os trabalhadores”, destacou a parlamentar, acrescentando que
acompanha há muitos anos a luta dos sem terra.  “Na luta quilombola há
também uma luta pela terra onde moram. Ao longo da vida eles (os
quilombolas) se apropriam da terra que foram dos ancestrais”.

Militantes em várias causas, a deputada petista declarou não ter ideia
de que fossem tão graves ameaças quando se trata de luta pela terra e
pela questão ambiental. “O meu mandato incomoda aos poderosos”, disse,
ressaltando que “todas as instâncias do poder sabem de onde partiram
as ameaças”.

Ela acredita que os quilombolas “vão conquistar a posse da terra,
produzir e melhorar sua qualidade de vida sem derramar sangue porque
essa é a vontade política dos governos democráticos de (Marcelo) Déda
e da presidente Dilma Rousseff”.

Para ela, ou o país faz reforma agrária ou não serão resolvidos os
problemas básicos da população. “Precisamos resolver com coragem esses
problemas, promover a educação, a saúde e os direitos fundamentais”,
destacou a deputada.

Sob proteção da Polícia Civil, Ana disse que foi orientada a evitar
aglomerados e tomar mais cuidado para não se expor. “Essas ameaças não
são brincadeira, tenho relatórios e depoimentos. São ameaças de morte
que têm que ser levadas a sério e apuradas pelas autoridades
competentes.

Para que os policiais não fiquem à sua inteira disposição – “uma vez
que a sociedade precisa desses policiais para garantir a segurança” -,
ela disse que vai ser “obediente”, evitando aglomerados e situações
que exijam a presença de agentes de segurança ao seu lado.

“Eu tenho 62 anos de idade e ainda quero viver muito”, disse a
deputada, ao justificar que não vai poder ir ao desfile de blocos
carnavalescos por causa da orientação dos policiais. “Quero proteção
quando for para a área de conflito”, afirmou.

A deputada lembrou que desde 1979, quando iniciou sua militância, não
havia recebido ameaças. Ela disse que chegaram a comentar que por ser
uma parlamentar que milita em várias frentes executá-la não seria
difícil, uma vez que contraria muita gente. “Tenho certeza que por eu
lutar, por exemplo, pela implementação do piso do magistério, um
prefeito não iria mandar me matar”.

Deputados estão solidários

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia
Legislativa, deputado Venâncio Fonseca (PP), colocou-se à disposição
da deputada Ana Lúcia Menezes para colaborar no que for preciso.
“Vossa Excelência é uma parlamentar atuante e que tem um trabalho
brilhante, seja na defesa dos professores, seja na questão do
quilombola. Quero manifestar a minha irrestrita solidariedade e pedir
que todos os esforços sejam envidados no sentido de punir os
responsáveis por essas ameaças”, disse Fonseca.

Após ouvir o pronunciamento na tribuna da Assembleia, vários deputados
manifestaram solidariedade e revelaram preocupação com as ameaças de
morte sofridas pela deputada  petista. “O mandato de Ana Lúcia tem
sido fundamental para garantir o apoio às classes marginalizadas e
reforça o trabalho dos povos quilombolas que lutam há tantos anos”,
disse João Daniel (PT), que é integrante do Movimento de Trabalhadores
Rurais Sem Terra.

A deputada Maria Mendonça lamentou as ameaças de morte e afirmou que
fatos dessa natureza são inaceitáveis. “Sou solidária à luta dos
quilombolas e é lamentável que, numa democracia, alguém ainda viva
sendo ameaçado e impedido de viver a sua plena cidadania”, disse Maria.

Para o líder do governo, deputado estadual Francisco Gualberto, quando
se fala dos quilombolas do Baixo São Francisco se fala de terras que
serão indenizadas. “Espero que todos que estejam envolvidos nessa
frente (autores das ameaças) sejam chamados em garantia da proteção
dos quilombolas”, disse.

Segundo Gualberto, quando alguém recebe a ameaça de morte vem o
prejuízo de não poder ir onde quiser. “Por isso repudio com veemência
essas ameaças”, disse, destacar que atitudes como a tomada por
empresários contra a deputada não cabem mais num país democrático como
o Brasil. “Essas pessoas deveriam rever essas atitudes, essa postura.
O Estado está olhando essa situação, muitas instituições estão
observando essa situação”, comentou.

“Estou estarrecido”, afirmou o deputado estadual Zé Franco (PDT).
Ele lembrou que os deputados representam o povo, democraticamente,
através do voto popular. “Somos eleitos para defender os interesses da
população, a exemplo das comunidades quilombolas. As ameaças dirigidas
à deputada Ana Lúcia atingem a todo o Parlamento, atingem a todos os
demais 23 deputados”, afirmou, ressaltando se sentir constrangido com
o fato. “Não podemos mais aceitar isso”.

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NOTÍCIA  – Deputada Ana Lúcia é vítima de ameaça de morte

06:53

A deputada Ana Lúcia Vieira (PT) ocupou a tribuna da Assembleia
Legislativa na manhã desta quarta-feira, 02, para denunciar à
população, à mídia e aos demais colegas presentes que vem sendo vítima
de ameaças de morte, juntamente com mais oito companheiros que vem
lutando em defesa da terra dos quilombolas de Sergipe e dos direitos
sociais por eles conquistados.

“Eu trago para a tribuna desta Casa, e também comunico à direção desta
Casa que não só eu, como oito companheiros que lutam em defesa da
terra, dos quilombolas, dos direitos sociais, estamos recebendo
ameaças de morte. Esta ameaça tem uma história longa no Baixo São
Francisco e mostra o poder das elites de Sergipe”, denunciou a deputada.

A deputada Ana Lúcia afirmou que conta com todo apoio e aparato do
Governo Estadual e Federal contra este tipo de intimidação. “Um
fazendeiro disse para membros do Ministério Público Federal que, se
não resolvesse esta questão das terras quilombolas, haveria
derramamento de sangue. Nós não vamos aceitar isto porque este governo
veio pra buscar justiça social, para assegurar o direito de cidadania,
para trazer cidadania a estes quilombolas”, resumiu.

Com mais de 30 anos de luta junto ao movimento social, é a primeira
vez que a deputada é ameaçada de morte. “A luta quilombola é muito
mais difícil, porque você não está trazendo as pessoas que estão de
outra localidade para trabalhar nas terras ocupadas. A luta dos
quilombolas é no lugar onde eles nasceram e se criaram e contra quem
se apropriou de suas terras”, enfatiza a deputada.

As comunidade quilombolas com terreno já conquistado na região do
Baixo São Francisco são Pontal dos Crioulos, no município de Amparo do
São Francisco; Caraíba, no município de Canhoba; Ladeiras, no
município de Japoatã e Brejão dos Negros, no município de Brejo
Grande, cuja cerimônia de posse do terreno ocorreu na manhã de ontem.

Ana Lúcia encerrou seu discurso afirmando aos colegas que sua maior
preocupação, no momento, é com sua exposição em locais onde pode estar
vulnerável. A parlamentar destacou as recomendações da polícia para
evitar aglomerações e não se expor. “Não vou poder ir ao desfile do
(bloco de Carnaval) Rasgadinho por causa da orientação dos policiais.
Tomarei cuidados, pois não quero que os policiais fiquem a minha
disposição. Quero proteção quando for para a área de conflito”.

Política

03/03/2011 08:59:01
Ana ameaçada de morte por ajudar quilombolas

A deputada estadual Ana Lucia Menezes (PT) alertou aos colegas ontem,
em discurso acompanhado por representantes do Sintese, da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) e da Igreja Católica, que sofreu ameaças de
morte por causa de sua luta em favor do movimento quilombola na região
do Baixo São Francisco. A parlamentar disse que o caso já está sendo
investigado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) e pela Polícia
Federal.

De acordo com a deputada petista, oito integrantes do movimento
quilombola também estão sendo alvos de ameaças de morte no baixo São
Francisco, onde atuam. Ana Lucia afirmou que essas ameaças mostram a
luta pela terra naquela região, e revela o poder das elites. Um
fazendeiro disse no Ministério Público que ou se resolve a questão ou
haverá derramamento de sangue.

Diante de galerias lotadas por moradores da região onde ocorre o
conflito, Ana Lucia lembrou que os governos Marcelo Déda e Dilma
Rousseff foram conquistados para garantir cidadania e segurança às
populações marginalizadas e que oitenta por cento das terras do
conflito pertencem à União. Ninguém tem a propriedade daquelas terras,
formadas por brejos, várzeas, rios. Os negros fugiam (dos coronéis)
para lugares difíceis como aqueles, narrou a deputada, lembrando da
existência de antigos quilombos naquela área.

Companheiros de outros quilombos têm sido ameaçados constantemente,
disse a deputada, afirmando que está de posse de relatórios que foram
encaminhados ao Ministério dos Direitos Humanos e à comissão que
ouviu, em Sergipe, membros do movimento quilombola. Ana Lucia declarou
que está sendo acompanhada, no caso, pelas polícias Federal e Civil
(do Estado). A situação de Sergipe não é diferente do Pará ou de
outras áreas, observou.

Ana Lucia disse ainda em seu discurso que o Ministério Público Federal
tem papel importante para mediar o conflito e fornecer garantias de
segurança aos envolvidos. Quem tem terras, quem tem dinheiro, quer a
propriedade só para si e explora os trabalhadores, argumentou. A
deputada lamentou a situação e lembrou o fato do país estar vivendo um
longo período de democracia. Acompanho há muitos anos a luta dos sem
terra e na luta quilombola há também uma luta pela terra onde moram.
Ao longo da vida eles se apropriam da terra que foram dos ancestrais.

Rendo homenagens a essas oito lideranças que resistem em povoados
que sequer têm luz. Essas mulheres e homens têm coragem de enfrentar a
elite, os jagunços, enfrentar a pistolagem. Vêm homens armados e lutam
sem nada, só com a coragem, citou. A deputada disse que não vai
aceitar que corra sangue em Sergipe por causa da desapropriação de um
bem que pertence ao povo. Ou esse país faz reforma agrária ou nós não
vamos resolver os problemas básicos da população. Precisamos resolver
com coragem estes problemas, promover a educação, a saúde e os
direitos fundamentais, destacou a deputada.

Para Ana Lucia, as ameaças de morte têm que ser levadas à sério e
apuradas pelas autoridades. Essas ameaças não são brincadeiras, tenho
relatórios, depoimentos. Meu mandato incomoda aos poderosos. Nunca
pensei que fossem tão graves as ameaças quando se trata de luta pela
terra e pela questão ambiental, argumentou. Segundo ela, os
quilombolas vão conquistar a posse da terra, produzir e melhorar sua
qualidade de vida sem derramar sangue. Essa é a vontade política dos
governos de Déda e Dilma Rousseff.

Ana Lúcia encerrou seu discurso afirmando aos colegas que sua maior
preocupação, no momento, é com sua exposição em locais onde pode estar
vulnerável. A parlamentar destacou as recomendações da polícia para
evitar aglomerações e não se expor. Não vou poder ir ao desfile do
(bloco de Carnaval) Rasgadinho por causa da orientação dos policiais.
Tomarei cuidados, pois não quero que os policiais fiquem a minha
disposição. Quero proteção quando for para a área de conflito. A
deputada disse que desde 1979, quando iniciou sua militância, não
havia recebido ameaças. Todas as instâncias do poder sabem de onde
partiram as ameaças, finalizou.

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NOTÍCIA

Deputada Ana Lúcia é vítima de ameaça de morte

06:53

A deputada Ana Lúcia Vieira (PT) ocupou a tribuna da Assembleia
Legislativa na manhã desta quarta-feira, 02, para denunciar à
população, à mídia e aos demais colegas presentes que vem sendo vítima
de ameaças de morte, juntamente com mais oito companheiros que vem
lutando em defesa da terra dos quilombolas de Sergipe e dos direitos
sociais por eles conquistados.

“Eu trago para a tribuna desta Casa, e também comunico à direção desta
Casa que não só eu, como oito companheiros que lutam em defesa da
terra, dos quilombolas, dos direitos sociais, estamos recebendo
ameaças de morte. Esta ameaça tem uma história longa no Baixo São
Francisco e mostra o poder das elites de Sergipe”, denunciou a deputada.

A deputada Ana Lúcia afirmou que conta com todo apoio e aparato do
Governo Estadual e Federal contra este tipo de intimidação. “Um
fazendeiro disse para membros do Ministério Público Federal que, se
não resolvesse esta questão das terras quilombolas, haveria
derramamento de sangue. Nós não vamos aceitar isto porque este governo
veio pra buscar justiça social, para assegurar o direito de cidadania,
para trazer cidadania a estes quilombolas”, resumiu.

Com mais de 30 anos de luta junto ao movimento social, é a primeira
vez que a deputada é ameaçada de morte. “A luta quilombola é muito
mais difícil, porque você não está trazendo as pessoas que estão de
outra localidade para trabalhar nas terras ocupadas. A luta dos
quilombolas é no lugar onde eles nasceram e se criaram e contra quem
se apropriou de suas terras”, enfatiza a deputada.

As comunidade quilombolas com terreno já conquistado na região do
Baixo São Francisco são Pontal dos Crioulos, no município de Amparo do
São Francisco; Caraíba, no município de Canhoba; Ladeiras, no
município de Japoatã e Brejão dos Negros, no município de Brejo
Grande, cuja cerimônia de posse do terreno ocorreu na manhã de ontem.

Ana Lúcia encerrou seu discurso afirmando aos colegas que sua maior
preocupação, no momento, é com sua exposição em locais onde pode estar
vulnerável. A parlamentar destacou as recomendações da polícia para
evitar aglomerações e não se expor. “Não vou poder ir ao desfile do
(bloco de Carnaval) Rasgadinho por causa da orientação dos policiais.
Tomarei cuidados, pois não quero que os policiais fiquem a minha
disposição. Quero proteção quando for para a área de conflito”.

 

CÁRITAS DIOCESANA DE PROPRIÁ

O clamor da Deputada Ana Lúcia é o clamor dos pobres!

Quero através deste me somar à deputada Ana Lúcia neste momento em que
ela torna público a situação de terror causado pelas ameaças feitas
por fazendeiros no município de Brejo Grande.
A nossa Diocese sempre esteve junto aos excluídos do Baixo São
Francisco e, desde 2005, tem priorizado sua presença junto aos pobres
de Brejo Grande cujo IDH é um dos mais baixo do Estado. Aos pobres,
por completo, nunca lhes fora dado o direito de uso da propriedade, a
não ser como meeiros – que é um regime de semi-escravidão – até meados
dos anos 80, quando foram expulsos das lagoas naturais que são da
União. As águas do rio São Francisco e do Mar são a salvação para quem
quer permanecer no município. O retrato do município lembra um bolsão
de miséria como se estivéssemos nas favelas das grandes cidades. O
descaso em relação à execução de políticas públicas nos mostra um
retrato do tempo do Brasil colônia, no tempo da casa grande e das
senzalas: aos escravos, pobres, só os restos; aos senhores, os donos
das terras e dos poderes políticos, tudo.
E como isso esmaga a dignidade humana! Como isso causa indignação. Os
Bispos da America Latina, reunidos em Aparecida/SP, em maio de 2007,
declararam que os “Os rostos sofredores dos pobres são rostos
sofredores de Cristo”. Eles desafiam o núcleo do trabalho da Igreja,
da pastoral e de nossas atitudes cristãs. Tudo o que tenha relação com
Cristo, tem relação com os pobres e tudo o que está relacionado com os
pobres reivindica a Jesus Cristo: ‘Quando fizeram a um deste meus
irmãos menores, fizeram a mim’ (Mt 25,40). João Paulo II destacou que
este texto bíblico ‘ilumina o mistério de Cristo’. Porque em Cristo, o
maior se fez menor, o forte se fez fraco, o rico se fez pobre”.
O povo pobre de Brejo Grande, o Jesus pregado na Cruz, humilhado e
esquecido ao longo da nossa história, está sendo descido do madeiro,
curtindo o gosto da Ressurreição que já começou a acontecer desde o
dia em que acreditou. Espera o dia de sua libertação desta miséria
infernal (toda miséria é infernal!) desde 1976, quando a CODEVASF
desapropriou 02 fazendas e não as entregou aos pobres e, absurdamente,
as vendeu a fazendeiros da cidade… e de lá até 2005 nada foi feito
para incluir socialmente o povo trabalho daquele município. A partir
de agosto de 2005, lideranças antigas e mais algumas novas daquele
lugar assumiram seu protagonismo e voltaram a se organizar. Foram aos
diversos órgãos dos governos estadual e federal. As ameaças foram
intensificadas: um fazendeiro usou de trator, acompanhado por
policiais (sem ordem judicial), para derrubar casas dos moradores;
construíram cercas uma área de mais de 10 mil tarefas onde antes era
em aberto, incluindo cancelas e mata-burros em estradas públicas, como
se fossem deles; queimaram barracos de pescadores à margem do rio que
é de domínio público; outros colocaram cachorros para impedir dos
pobres pescarem nas lagoas marginais, que também são da União… e
tudo já denunciado pelos próprios posseiros, vítimas, em audiências
públicas, que já tomaram providências. As cancelas já foram retiradas,
as malditas cercas ainda não. As terras da União já começaram a ser
desapropriadas, começando pela Resina; e no último dia 1º deste foi
entregue a fazenda Batateira.
Temos que registrar a atuação corajosa da Equipe do INCRA que, em
sintonia com o Ministério Público Federal, e apesar das continuas
ameaças, tem atuado incansavelmente.
Louvado seja Deus pela coragem dos pescadores quilombolas de Brejo
Grande de todas as idades e gênero que, de cabeça erguida, estão
enfrentando os tubarões neste mar da vida, participando ativamente na
conquista de dignidade e justiça para todos naquele município: “Bem
aventurados os que têm fome e sede de justiça” (Mateus, 5,6)

Propriá(SE), 03 de março de 2010.

Pe. Isaias Carlos Nascimento Filho
Coordenador da Cáritas Diocesana de Propriá