Posts Tagged ‘Brasileiros’

Reproduzo artigo de Miguel do Rosário, publicado em seu blog:

Num post no blog do Nassif sobre a carga tributária no Brasil, encontrei um comentário muito interessante:

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Re: A carga tributária e o PIB
sab, 23/04/2011 – 14:19 — meiradarocha
Aqui está a realidade, Liberal:

O Brasil teve, em 2009, a 22ª carga tributária no mundo. Dos países que tinham carga tributária maior que a nossa, 14 eram países desenvolvidos europeus.

O país mais rico do mundo, a Noruega, tinha carga tributária de 43,6% e arrecadou 25 mil dólares per capita. O Brasil tinha carga tributária de 38,4% e arrecadou 4 mil dólares PPC per capita.

Gostaria que os liberais mostrassem como fazer o milagre de se ter serviços de 25 mil dólares arrecadando 4 mil.

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Gostei porque ele trouxe estatísticas que provam uma coisa óbvia. A comparação entre cargas tributárias dos diferentes países, repetidas de maneira leviana pela mídia, apenas fazem sentido se cotejadas com o tamanho do PIB per capita. Enfatizo o “per capita”, visto que os gastos mais importantes de um Estado são a previdência social e a saúde pública, cuja magnitude é atrelada naturalmente à população.

Se um país tem um PIB per capita alto, ele pode até se dar ao luxo de ter uma carga tributária menor, porque o total arrecadado é grande. O que nem é o caso, visto que as nações desenvolvidas, em geral tem uma carga tributária bem elevada.

Repete-se, por outro lado, que alguns países ricos tem carga tributária menor que a do Brasil, como os EUA. De fato, a carga tributária nos EUA é de 28%, contra 38,8% no Brasil. Entretanto, como os EUA tem um PIB monstruoso, tanto absoluto como per capita, essa carga corresponde a uma arrecadação per capita de 13 mil dólares. A do Brasil, é de 3,96 mil dólares… Ou seja, a expressão clichê sobre o Brasil ter impostos de norte da europa e serviços públicos de qualidade africana nunca me pareceu tão absurda e idiota.

Eu não sou a favor do aumento dos impostos. Tenho micro-empresa e estou sempre à beira de sucumbir sob o peso mastodôntico, complexo e kafkiano das taxas que desabam quase que diariamente sobre minha cabeça. Mas não podemos ver a questão com leviandade. A mídia patrocina uma campanha irresponsável contra o imposto no Brasil. Este deve ser simplificado, naturalmente, e porventura reduzido para empresas pequenas, mas devemos mostrar à sociedade a situação real. Não podemos nos comparar com nenhum país desenvolvido, porque o nosso PIB per capita ainda é baixo. Ainda temos que comer muito feijão com arroz.

Por outro lado, é igualmente injusto falar em “serviço público” africano, expressão que, além de ser politicamente incorreta, é também totalmente inexata. Temos uma previdência social quase universalizada. A saúde pública é abarrotada e sofre constrangimentos em vários setores, mas nosso sistema de vacinação é de primeiro mundo. O tratamento gratuito, inclusive com distribuição de remédios, que damos aos soropositivos, não encontra paralelo nem nos países mais avançados.

Não douremos a pílula, todavia. Ainda temos muito o que aprimorar em termos de serviço público, nas áreas de saúde, educação e infra-estrutura. Mas, por favor, sem a viralatice de nos compararmos às economias destruídas por longas guerras civis, nível de industrialização baixíssimo e desemprego às vezes superior à metade da população ativa.

O debate sobre a carga tributária tem que ser feito com muita seriedade, botando as cartas na mesa, evitando ao máximo o uso desses clichês desinformativos. Os impostos no Brasil são altos, pesam no bolso de empresários, classe média e no custo de vida dos trabalhadores. Mas em valores absolutos, o imposto é baixo, deixando pouca margem para o Estado gastar com serviços e infra-estrutura.

O caminho, portanto, é investir no crescimento econômico e na racionalização cada vez maior do gasto público. Seria loucura, porém, promover uma redução brusca da carga tributária, que implicaria em jogar o valor do imposto per capita no Brasil ao lado das nações mais atrasadas do planeta. Ajamos com prudência e responsabilidade, sem jamais deixar de lado o bem estar do povo e a necessidade de oferecer serviços de qualidade à população, pois sem isso poderemos até nos tornarmos um país rico, mas seremos sempre uma sociedade triste e miserável.

Gostei porque ele trouxe estatísticas que provam uma coisa óbvia. A comparação entre cargas tributárias dos diferentes países, repetidas de maneira leviana pela mídia, apenas fazem sentido se cotejadas com o tamanho do PIB per capita. Enfatizo o “per capita”, visto que os gastos mais importantes de um Estado são a previdência social e a saúde pública, cuja magnitude é atrelada naturalmente à população.

Se um país tem um PIB per capita alto, ele pode até se dar ao luxo de ter uma carga tributária menor, porque o total arrecadado é grande. O que nem é o caso, visto que as nações desenvolvidas, em geral tem uma carga tributária bem elevada.

Repete-se, por outro lado, que alguns países ricos tem carga tributária menor que a do Brasil, como os EUA. De fato, a carga tributária nos EUA é de 28%, contra 38,8% no Brasil. Entretanto, como os EUA tem um PIB monstruoso, tanto absoluto como per capita, essa carga corresponde a uma arrecadação per capita de 13 mil dólares. A do Brasil, é de 3,96 mil dólares… Ou seja, a expressão clichê sobre o Brasil ter impostos de norte da europa e serviços públicos de qualidade africana nunca me pareceu tão absurda e idiota.

Eu não sou a favor do aumento dos impostos. Tenho micro-empresa e estou sempre à beira de sucumbir sob o peso mastodôntico, complexo e kafkiano das taxas que desabam quase que diariamente sobre minha cabeça. Mas não podemos ver a questão com leviandade. A mídia patrocina uma campanha irresponsável contra o imposto no Brasil. Este deve ser simplificado, naturalmente, e porventura reduzido para empresas pequenas, mas devemos mostrar à sociedade a situação real. Não podemos nos comparar com nenhum país desenvolvido, porque o nosso PIB per capita ainda é baixo. Ainda temos que comer muito feijão com arroz.

Por outro lado, é igualmente injusto falar em “serviço público” africano, expressão que, além de ser politicamente incorreta, é também totalmente inexata. Temos uma previdência social quase universalizada. A saúde pública é abarrotada e sofre constrangimentos em vários setores, mas nosso sistema de vacinação é de primeiro mundo. O tratamento gratuito, inclusive com distribuição de remédios, que damos aos soropositivos, não encontra paralelo nem nos países mais avançados.

Não douremos a pílula, todavia. Ainda temos muito o que aprimorar em termos de serviço público, nas áreas de saúde, educação e infra-estrutura. Mas, por favor, sem a viralatice de nos compararmos às economias destruídas por longas guerras civis, nível de industrialização baixíssimo e desemprego às vezes superior à metade da população ativa.

O debate sobre a carga tributária tem que ser feito com muita seriedade, botando as cartas na mesa, evitando ao máximo o uso desses clichês desinformativos. Os impostos no Brasil são altos, pesam no bolso de empresários, classe média e no custo de vida dos trabalhadores. Mas em valores absolutos, o imposto é baixo, deixando pouca margem para o Estado gastar com serviços e infra-estrutura. O caminho, portanto, é investir no crescimento econômico e na racionalização cada vez maior do gasto público. Seria loucura, porém, promover uma redução brusca da carga tributária, que implicaria em jogar o valor do imposto per capita no Brasil ao lado das nações mais atrasadas do planeta. Ajamos com prudência e responsabilidade, sem jamais deixar de lado o bem estar do povo e a necessidade de oferecer serviços de qualidade à população, pois sem isso poderemos até nos tornarmos um país rico, mas seremos sempre uma sociedade triste e miserável.

Alexandre Criscione
 
 
São auspiciosas as notícias de que a estudante de Direito paulista Mayara Petruso (foto acima) pode ser processada criminalmente por racismo, crime que cometeu recentemente no Twitter. E de que outros que se juntaram a ela naquele crime estão sendo identificados para sofrerem o mesmo tipo de processo.
 
Os crimes de racismo e de discriminação na internet datam de há muito tempo sem que jamais tenham ocorrido punições exemplares, de forma a pelo menos fazerem com que os racistas e discriminadores por orientação sexual, região do país etc. contenham as suas personalidades degeneradas.
 
No domingo à noite, usuários de redes sociais começaram a postar mensagens ofensivas ao Nordeste, relacionando o resultado da eleição presidencial à boa votação de Dilma na região. As mensagens foram desencadeadas após Mayara postar no Twitter a seguinte sentença:
 
@mayarapetruso: “Nordestisto não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado. #nordestisto”
 
Não satisfeita, Mayara terminou de expor suas perversões morais:
 
@mayarapetruso: “Brasileiros, agora fodam-se! Isso que da, dar direito de voto pra nordestino. #nordestisto”.
 
Essas postagens da moça no microblog foram o que bastou para desencadear uma onda surpreendente de mensagens furiosas contra negros e nordestinos que engolfou as redes sociais. Todavia, foram poucas dessas mensagens que se igualaram às da jovem paulista estudante de Direito em termos de perfil criminoso, pois ela pregou até assassinato.
 
Por chocante que seja, é preciso rever algumas dessas mensagens:
 
@dilma_Bebada: “Infelizmente quem decide eleição não é quem lê jornal, e sim quem limpa a bunda com ele. Quem perdeu foi o Brasil! #euquero45”
 
@emerlinlipe: “tem gente que fala que todos os brasileiros são iguais discordo… Não quero e não sou igual ao povo do Norte/nordeste”
 
@ClaytonAmerico: “Bem vou trabalhar porque não ganho bolsa família dos nordestinos. Nem faço 2 filhos por ano pra ter mais bolsa família
#nordestisto
 
@Ju_Balog: “Enfie seu OXENTE no cu, vagabundos q vivem de bolsa miseria, vc’s não trabalham 1/3 do q a gente em SP #nordestisto
 
@carolsalgueiro: “Rindo muito da tag #nordestisto. Já vi nordestino dizendo que é educado e inteligente, AVÁ!”
 
@FerLeoni: “Para eleitores de merda, uma presidente de merda! #nordestisto”
 
@suhelen1: “80% do amazonas vota na Dilma… cambada de índio burrooooooooooooo”
 
@andrebittarello: “Me tornei RACISTA HOJE POR CAUSA DE VOCÊS PRETOS FEDIDOS QUE SÓ QUEREM TER FILHOS E ENCHER A BARRIGA COM O DINHEIRO DOS QUE TRABALHAM!!!”
 
@edujunior: “Sou bem a favor de um muro separando sul/sudeste do norte/nordeste”
 
@DeehSativa: “No Sul/Sudeste tem muito mais gente bonita do que no Norte/Nordeste”
 
@LorenzoC_: “ADOREI O QUE A MAYARA PETRUSO DISSE. E XENOFOBIA É O CARALHO, ISSO QUE ELA DISSE É SIMPLESMENTE A VERDADE!”
 
@Pedroo_MG: “A cmo eu Queria Q o sul/sudeste se separasse do Norte/Nordeste. Pra até Q enfim Governo ñ ganhar eleição por dar esmola, e sim por projetos.”
 
@tayane_monteiro: “só nordestinos fdp pra vota na Dilma! Nordestino num serve pra NADA DE UTIL vem pra SP ENCHE O SACO e vota na merDilma”
 
@Mikafrauzola: “Bando de nordestinos FDP …..são tão burros, que qlqr idiota faz a cabeça dles….por isso q eu odeio nordestino…..”
 
@Mikafrauzola: “Tbm esse país é cheio de baiano morte de fome… por isso q ela ganhou….”
 
O que chama a atenção nessas barbaridades é que foram proferidas todas por jovens brancos, ao menos de acordo com as fotos deles nos perfis no Twitter em que foram publicados os textos acima. E, pelo que escreveram, fica claro que são paulistas.
 
O fato de jovens terem posições políticas e preconceitos tão formatados sugere que essa mentalidade decorre da criação que receberam dos pais, até mesmo quando as posições políticas deles não sejam do mesmo jaez das dos filhos.
 
Ninguém que pertença às classes média alta e alta de São Paulo terá sido surpreendido pelo nível de xenofobia, de racismo e de intolerância – e mesmo de ignorância – de jovens que se julgam “inteligentes e estudados”, mas que escreveram textos compatíveis com os mais baixos níveis de instrução ou de civilidade.
Desde que me conheço por gente – e tendo nascido e crescido na classe média alta paulistana, entre a qual vivo até hoje – que ouço preconceitos contra os nordestinos, os quais, em meu Estado e na minha cidade – e, sobretudo, no bairro paulistano em que resido –, sempre foram chamados de “baianos”, sendo-lhes atribuído tudo que há de ruim por aqui.
 
Esse preconceito extremamente arraigado entre a elite paulista sempre esteve lá e sempre ficou fora da imprensa, que jamais denunciou fenômeno que data de décadas e décadas e décadas. A campanha de José Serra à Presidência, porém, teve o “mérito” de expor à luz do dia essas perversões de classe, de etnia e geográficas.
 
Só uma punição exemplar dos que cometeram esses crimes, portanto, pode começar a inibir, se não o preconceito deles, a difusão aberta de suas “idéias” odiosas e repugnantes, vertidas por jovens que têm tudo na vida e que consideram natural externar os preconceitos que lhes foram incutidos no ambiente familiar enquanto cresciam