Arquivo de Outubro, 2010

Intervenção em “Encontros Moviola”, 21/10/2010, reunião e debate na Livraria Moviola, RJ. / Filme e outras intervenções,  

_________________________

O fascismo, o fundamentalismo de tipo novo, não está, em minha opinião, por exemplo, num vídeo que me mandaram – e fiquei indignado que pessoas que eu conheço tenham-se atrevido a me mandar aquilo –, e que, no “Assunto”, trazia a expressão “Dilma Ladra”. O vídeo mostrava um discurso do [deputado] Bolsonaro (que foi eleito aqui no Rio, na coalizão governativa, pra vermos como as coisas são enroladas). O vídeo acusa a candidata Dilma, hoje candidata, de crimes dos quais a ditadura a acusou, há muitos anos. 

O que quero dizer é que o fascismo não está, em minha opinião, no fato de se usarem temas fascistas. Dizer que alguém estaria reintroduzindo no Brasil do século 21, por exemplo, o integralismo. Não. Acho que o fascismo está, isso sim, no uso instrumental de um debate, que acaba se transformando numa armadilha, que reduz completamente o espaço da democracia.

Nesse exemplo, não falo do fato de alguém usar instrumentalmente um vídeo pra fazer alguém perder votos. O fascismo está, sim, em dizer que o que vale na valoração moral da legalidade ou ilegalidade (“ladra” ou “não ladra”) é o que disse um tribunal de exceção, de uma ditadura militar.

É como se Togliatti, líder comunista italiano, voltando de Moscou, depois da 2ª Guerra, é como se a Democracia Cristã italiana usasse, para falar de Togliatti, no debate político, sentenças dos tribunais de Mussolini sobre Togliatti. Como se De Gaulle, voltando junto com os aliados para a França Vichyista libertada com os aliados, fosse apresentado nos termos do que os tribunais Vichyistas e  Petainistas diziam dele. É uma coisa muito preocupante.

Não se trata apenas de tentar usar o medo: de fato, se introduzem na discussão critérios inaceitáveis de valoração moral.

Mas não é fenômeno só brasileiro. Na Espanha, por exemplo, houve o juiz Garzón, juiz importante, que mandou prender Pinochet, que sempre teve desempenho muito correto na ordem liberal, e tornou ilegal um partido que reunia 20, 25% do eleitorado no país basco. Desmontou o Herri Batasuna, partido ligado ao ETA. Mas, quando começou a aplicar aos franquistas a mesma lei que aplicara aos ditadores chilenos e argentinos, o juiz Garzón passou a ser acusado de ter ligações com o ETA e foi destituído e está sendo acusado de abuso de poder. 

O que quero dizer é que há um retorno dos temas, mas o problema não está em que alguém tenha hoje, no Brasil, um projeto fascista, porque isso não há. Ninguém tem projeto fascista. O que há é diferente.

Não há projeto fascista no Brasil, mas há, sim, um fundamentalismo, sim, que funciona como um fascismo, ao meu ver. Qual é a marca desse fundamentalismo?

Começo com outro exemplo. Logo depois que publiquei um artigo de opinião na Folha de S.Paulo, a favor de Dilma [1] e discutindo aspectos do desenvolvimentismo (o que, aliás, discutimos aqui mesmo, na última reunião que tivemos aqui), telefonou-me um amigo, elogiou o artigo, e tal, e disse “[só não concordo com defender Dilma, porque] Dilma é hipócrita”. Perguntei: “Mas… por quê?” “Porque ela dizia que era a favor do aborto, e agora diz que é contra.”

E eu: “Ora essa! Você queria o quê? Que ela agora deveria dizer que defende, que deveria assumir tudo que lhe atribuem… sem discutir nada, sem avançar argumentos, se deixar pautar pelo que lhe atribuem? Ninguém discutiu nada! Não há espaço pra discutir nada!”

Como funciona esse debate? Exatamente como funciona no fascismo, no nazismo, que são formas de mobilização das massas que não se fazem como construção da democracia, mas como perda de democracia, pelo impedimento de todos os debates. Cria-se o obscurantismo. E perdem-se todos os espaços de debate.

Como se responde a alguém que diga o que eu ouvi do meu amigo? Que, para vencer a eleição, Dilma deveria assumir tudo o que lhe atribuem e atribuem para fazê-la perder a eleição… O debate ficou impossível.

Esse obscurantismo não é volta ao passado, os novos obscurantistas usam a internet, todas as ferramentas. Operam por dentro, para destruir toda e qualquer possibilidade de debate – e isso é que é importante [fim do primeiro filme]

Outro exemplo: o Daniel Cohn-Bendit andou pelo Brasil, circulou por aqui antes do no primeiro turno, e deu entrevistas [2]. Fez críticas violentas ao governo Lula, disse que o governo Lula tinha políticas de desenvolvimento do século passado (aliás, não faz nem dez anos! [risos]).

Eu tenho amigos franceses que trabalham com ele, no movimento ecologista, que se está unificando na Europa. Eu disse a eles: “[Cohn-Bendit] andou aqui, acho que não entendeu nada.” Ficou por isso mesmo. 

Agora, no segundo turno, voltei a fazer contato com eles e disse: “Bom, agora, há risco real de a direita vencer. A Marina e o PV, no mínimo não vão tomar partido; e muitos deles consideram assumir a direita. O que vocês vão fazer?”

E eles, lá, fizeram um documento, muito moderado, com críticas à Dilma, mas dizendo aos ‘verdes’ brasileiros que eles têm de assumir o rumo da esquerda. Me mandaram o documento.

Peguei o documento e liguei para a FSP, com quem tenho alguns contatos, às vezes publico lá, e ofereci o documento. “Estamos interessados”, me disse alguém. E nada. Voltei a ligar, e me disseram “Mas o pessoal que assina não é gente muito conhecida…”. Digo eu: “Desculpa, mas, quando passaram por aqui, antes, vocês acharam que sim, eram muito conhecidos. Agora, acham que não…”

Os signatários são dois ex-ministros do Meio Ambiente da França, três co-presidentes dos verdes europeus, que é a 3ª força na Europa, na França vai ser força decisiva nas próximas eleições, sempre aliados à esquerda, são todos senadores, há a senadora-prefeita de uma subprefeitura com 100 mil habitantes, da Grande Paris, que sempre foi governada pelo Partido Comunista, Montreuil, o José Bové, da Via Campesina, militante da agricultura familiar, ligado ao MST, super conhecido no Brasil… E nada.

Dias depois, me liga outro jornalista da FSP, de Brasília, e me diz: “Estou interessado no manifesto, mas queria saber se é normal que os verdes europeus tomem posição em eleições em outros países…” E eu: “Bom, quando eles andaram por aqui, no primeiro turno, vocês acharam que era perfeitamente normal…” [risos]

De qualquer modo, aproveitei pra dizer que “esse manifesto foi escrito porque, dado o peso político que estão ganhando, os verdes europeus são atravessados pelo debate sobre que lado estão, se devem ficar neutros no início, e depois se alinhar a um lado ou outro. Então, nesse caso, estão aproveitando em primeiro lugar, para apoiar a esquerda no Brasil. E aproveitam para dizer, também, que, caso a opção se apresente na Europa, a opção pelo candidato progressista, tem de ficar clara, desde o início da discussão.” E ele disse: “Então, a Dilma seria progressista…” Digo: “Eu acho que sim. Eles, também”. Só opiniões minhas, e a opinião do jornalista.

Dias depois publicaram matéria sobre Dilma e os projetos ambientais, em que o Greenpeace contestava os verdes brasileiros que apóiam Dilma [3]. O Greenpeace ganhou espaço, os verdes europeus, não. Ora, que eu saiba, o Greenpeace não é propriamente brasileiro, é global. Acho normal que opinem. O caso é que o Greenpeace tem espaço para opinar sobre o Brasil, e s verdes europeus, não. E o jornalista da Folha de S.Paulo me disse: “Eu escrevi e o editor cortou, porque achou que não era importante.”[4]

Para concluir, queria dizer, sobre os novos fundamentalismos, que acho que o fundamentalismo não é uma volta do fascismo como foi, mas é uma forma de falsificação sistemática, que usa todas as tecnologias, como faz o fundamentalismo islâmico do tipo Al-Qaeda, mas que usa as tecnologias de tal modo que reproduz hierarquias e falsifica o debate democrático.

Acho que temos hoje em ação dois fundamentalismos: um fundamentalismo que está completamente em crise, vertical, que é o fundamentalismo de mercado, que vive de dizer que tem de cortar, tem de cortar, coisa em que ninguém mais acredita. O Brasil somos nós. Cortar o “custo Brasil” significa nos cortar… e privatizar, idiotice pura, ninguém mais acredita nisso.

Vale o mesmo para a tal de sustentabilidade econômica, em que ninguém acredita mais. Sem esse fundamentalismo, todos se mudaram imediatamente para outro fundamentalismo.

Vê-se bem no caso dos EUA, Wall Street. Se se retirar da economia todo o dinheiro que o Federal Reserve pôs na Bolsa, nos bancos, nas seguradoras, a coisa desmorona. A discussão que se tem de fazer tem a ver com o valor político da moeda.

Então, por um lado temos o fundamentalismo de mercado, que usa sempre só o que esse pessoal tinha como conteúdo (“Serra é o melhor administrado”, o “mais competente” etc. etc.) em que ninguém acredita. Daí, então, foram para outro fundamentalismo. Isso é que é preocupante.

O fato de eles terem passado imediatamente, do que se podia ler na imprensa (Serra dizia que não era candidato, depois pôs Lula na propaganda dele). As primeiras declarações do Índio da Costa de fato, até por terem sido tão desencontradas, anunciavam que eles iam passar imediatamente para outro fundamentalismo.

Fato é que essas paixões tristes ficam.

Não podemos analisar com leveza, porque parecem que serão derrotados, e mesmo que sejam, tomara, porque essas paixões ficam.

Ficam no retrocesso do debate, do debate que se poderia, mas não se pode fazer, de defesa da candidatura progressista. E elas ficam, também, em termos da mobilização social. Temos, sim, de estar muito, muito, muito preocupados.

Vê-se que já está acontecendo também nos EUA. É a mesma coisa, no movimento Tea Party, uma mobilização muito mais radical em termos de novo fundamentalismo do que os Republicanos de antes, e que está impedindo que se concretize, até, o pequeno avanço anunciado pela eleição de Obama. E o que está acontecendo na Europa também tem elementos muito importantes de radicalização, em termos de novo fundamentalismo, por exemplo, no crescimento da xenofobia.

O que estamos assistindo hoje, nessa involução da campanha pró-Serra, não é a defesa do neoliberalismo e das privatizações, mas é exatamente o que será o pós-neoliberalismo do ponto de vista da direita. Parece que haverá uma volta do discurso estatal, de direita, autoritário, pesado, que nós, em geral, subestimamos, subavaliamos.

Temos, portanto, que avaliar essa campanha, e temos de estar preocupados, num horizonte que vai além dessa campanha.

A nova direita que vem aí é direita da pesada, e que tem de preencher o vazio do fundamentalismo do mercado, em que ninguém acredita mais, o tucanês, em que ninguém acredita mais.

O risco que enfrentamos hoje é que o “choque de gestão” pode muito rapidamente virar “choque de ordem” [fim do segundo filminho].

Notas de Rodapé

[1] COCCO, Giuseppe, 17/10/2010, “Dilma é garantia do processo democrático”, Folha de S.Paulo, Tendências & Debates, p.3,

[2]Eu sou um mito“, afirma Cohn-Bendit, Folha de S.Paulo, 25/8/2010, Ilustrada, p. 16,   

[3]Em evento tumultuado, Dilma mostra plano ambiental genérico”, 21/10/2010, Folha de S.Paulo, em  .

[4] Notícia sobre o manifesto dos verdes europeus foi afinal publicada em jornal de Mato Grosso, Folha do Estado, só dia 30/10/2010, matéria da redação), e inclui a íntegra do manifesto:

A íntegra do manifesto:

A candidatura de Marina Silva trouxe para o eleitorado de Dilma, a pupila de Lula, a grande surpresa do primeiro turno. É preciso saudar a novidade que representa a candidatura de Marina Silva que já lutava, desde o período de sete anos em que foi ministra do governo Lula, para fazer entrar verdadeiramente as questões ecológicas na pauta de preocupações do governo brasileiro de esquerda. Com sua presença no escrutínio, a diversidade de lutas sociais, de todas as minorias (sexuais, religiosas) encontrou uma voz.

 

O placar de 19% do total de votos para uma candidata independente, sem apoio de partidos poderosos, representa a segunda grande surpresa. Ele prova que o Brasil se transforma muito mais profundamente do que apenas no plano do crescimento econômico. Para a democracia e a cultura, este já é um passo considerável.

 

Na América Latina, da Colômbia ao Chile, e agora também no Brasil, para além dos diferentes contextos, as questões ecológicas entram definitivamente na pauta das eleições presidenciais, o que não é mais o caso na Europa. O Brasil é a sétima potência mundial. Nenhum europeu em sã consciência pode se desinteressar pelo que está em jogo para os destinos ecológicos e sociais do planeta.

 

Esta é a razão pela qual desejamos, através deste manifesto, expressar nossa inquietação. A batalha do segundo turno se anuncia bastante cerrada e, algo impensável até ontem, uma vitória da direita não está mais excluída. Na configuração de hoje, o partido verde está longe de ter a dimensão popular de Marina Silva. Algumas personalidades como Gilberto Gil, ele mesmo afiliado a este partido, conclamam a que se vote em Dilma sem ambiguidade. E nós compartilhamos desta posição. Prestemos bastante atenção ao seguinte: José Serra não é um social democrata de centro. Por trás dele, a direita brasileira vem mobilizando tudo o que há de pior em nossas sociedades: preconceitos sexistas, machistas e homofóbicos, junto com interesses econômicos os mais escusos e míopes. A direita sai do porão.

 

Contra as mulheres, as facções mais reacionárias das igrejas cristãs – incluindo aquela da mulher do candidato da direita que declarou publicamente que Dilma quer assassinar criancinhas – acusam a candidata de ser favorável ao aborto, mesmo que esta questão não faça parte de seu programa de governo, tampouco do programa do Partido dos Trabalhadores.

 

Contra os homossexuais: o vice de Serra sustenta um discurso abertamente sexista e homofóbico.

 

Contra os pobres: acusados de votar na esquerda por ignorância.

 

A esta panóplia, bem conhecida em toda parte, vem se juntar uma criminalização particularmente ignóbil por parte da direita das lutas de resistência contra a ditadura. Dilma tem sido alvo de campanhas anônimas na internet que acusam de terrorismo e de bandidagem por ter participado na luta contra o regime militar, ela que foi por este motivo presa e barbaramente torturada.

 

A mobilização da direita está completamente ligada aos interesses do agro-negócio, um vínculo sobre o qual o governo Lula tem sido ambíguo em alguns momentos. No entanto, uma vitória da direita representaria o triunfo do complexo agro-industrial e dos céticos em matéria de aquecimento global. Seria uma guinada à direita em direção à revisão do estatuto da floresta que começou a limitar a devastação na Amazônia e no Mato Grosso, e no asseguramento dos direitos indígenas sobre suas reservas, que no ano passado obtiveram uma importante vitória (Raposa Serra do Sol) referendada pela Corte Suprema do país, que reconheceu esses direitos. Vinte e duas reservas indígenas podem seguir este caminho de enfrentamento com o agro negócio da soja e do arroz transgênico.

 

Não permitamos que o voto libertário em Marina Silva paradoxalmente se transforme em uma catástrofe para as mulheres, para os direitos humanos e para os direitos da natureza!

 

No plano internacional, os aspectos mais inovadores da política Sul-Sul de Lula (certamente pelo fato de seu apoio a Ahmadinejad), seriam condenados ao ostracismo com um realinhamento com os Estados Unidos. Além de representar uma alternativa à fixação estéril em uma política de confronto entre Estados Unidos e China, esta política Sul-Sul se opõe às estratégias dos países do Norte de multiplicar as medidas de defesa dos direitos da propriedade intelectual em detrimento do acesso aos saberes, à internet (especialmente no âmbito da ACTA).

 

Marina Silva recusou-se a manifestar apoio ao voto em Dilma. Pode-se compreender que seja um pouco difícil para ela se alinhar imediatamente com Dilma, com quem ela entrou em conflito enquanto no governo, e neste momento ela luta para evitar o alinhamento do partido verde com a direita, apesar da campanha virulenta contra ela por parte do PT.

 

Com efeito, os ecologistas estão travando, não só na Europa, como em vários países do mundo, um sério debate com os socialistas sobre a questão nuclear, sobre a OMC e o produtivismo agrícola e industrial, bem como o problema do aquecimento climático. No Brasil, agrega-se a todas essas questões uma dimensão – amplificada por sua urgência crucial – da luta contra as desigualdades. Pode-se compreender, portanto, a reserva de alguns ambientalistas em se alinharem com a candidata da esquerda.

 

Mas nossa experiência como força política e de oposição e governo na Europa nos permite afirmar a nossos companheiros brasileiros que, nas atuais circunstâncias do Brasil, a ancoragem na esquerda é a única possibilidade real de fazer avançar a causa ecológica: já vimos no que se tornou a «Grenelle» – Ministério do Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável, Energia e Transportes – na França com a direita.

 

Quanto às mulheres, às minorias étnicas, religiosas, sexuais, elas sabem aonde têm que se bater. A xenofobia, o racismo, a mobilização reacionária da religião são os perigosos instrumentos que a direita populista utiliza alegremente na Europa.

 

É impossível acreditar que a esperança suscitada pelos dois mandatos presidenciais de Lula acabe terminando no segundo turno com a eleição do candidato da direita.

 

Assinam:

Dany Cohn Bendit (Alemanha) co-président du groupe parlementaire des députés Verts au Parlement Européen

Monica Frassoni  (Itália) co-présidente du Parti des Verts Européens

Philippe Lamberts (Bélgica) co-président du Parti des Verts Européens

Dominique Voynet (França)  Senadora, Prefeita da Cidade de Montreuil , ex-Ministra do Meio Ambiente (gov. Jospin)

Yves Cochet ( França) Deputado Nacional,  ex-MInistro do Meio Ambiente (Gov. Jospin)

Noël Mamère (França) – Deputado Nacional e Prefeito de Bègles (Bordeaux)

José Bové  (França) – Deputado europeu

Alain Lipietz  (França) – dirigente dos Verdes, ex-deputado europeu

Jérôme Gleizes (França) – Dirigente da comissão internacional dos Verdes

Yann Moulier Boutang (França) Co-diretor da Revista Multitudes (Paris)

 

Paris 18 de outubro de 2010

 

O Brasil de Dilma é o da banda larga e da cultura livre. Por isso, os pontos de cultura estão com a candidata de Lula:

Do Blog Dilma é Muitos

Nós, do Movimento dos Pontos de Cultura do Brasil, nos dirigimos aos arteiros, oficineiros, fazedores de cultura ou seja toda cidadã e cidadão brasileiro. Acreditamos que todo ser humano é um produtor de cultura. É o que os Pontos de Cultura e outras entidades culturais provam no seu dia-a-dia. Este é um momento importante no Brasil, um segundo turno é hora de se manifestar, não sermos neutros e optarmos pela projeto político cultural que desejamos para o Brasil.

Hoje somos uma rede de mais de 5 mil pontos de cultura: indígenas, afro descendentes, imigrantes, ciganos, fronteiriços, trabalhadores rurais e urbanos e toda a diversidade cultural que contempla o povo brasileiro. Os Pontos de Cultura estão presentes em centenas de cidades brasileira não só levando a cultura, mas principalmente passando os meios de produção cultural e mostrando a cara, o cheiro e o jeito diferente de transformar através da cultura o Brasil. Trabalhamos com as mais diversas linguagens artísticas. Somos um exemplo de ser e de ter sustentabilidade através da cultura. Não é um projeto de governo e nem de sociedade mas um projeto comum do encontro de uma proposta do Governo Lula/Dilma e dos anseios e de uma sociedade sedenta de cultura. Trabalhamos para a afirmação de novas relações entre Estado e sociedade, nas quais gestores públicos e movimentos sociais estabelecem canais de diálogo e aprendizado mútuo. Acreditamos na construção coletiva de um novo processo de cultura política com caráter emancipador, em que as hierarquias sociais e políticas são quebradas e criam base para novas legitimidades.

Antes de Lula/Dilma a cultura tinha como seu principal instrumento a lei Rouanet de isenção de impostos de empresas. Um outro foco, não é a toa que tinham a cartilhaCultura é um Bom Negócio. A política cultural ficou praticamente a cargo das empresas e não da sociedade e/ou do Ministério da Cultura. O orçamento final de FHC/Serra foi de 0,14% e hoje com Lula/Dilma chegamos próximos a 1% e queremos mais e mais.

Mais do que orçamento, a lógica de Lula/Dilma foi acreditar na capacidade da própria sociedade, principalmente de movimentos sociais e culturais que já estavam em plena atividade e empoderá-los.

Acreditamos que toda mudança estrutural passa pela mudança cultural, não basta ter crescimento econômico dissociado de uma democratização radical da cultura. A cultura envolve mudança de mentalidades e atitudes no lidar com a terra, com os valores, os saberes tradicionais, eruditos e populares. Isto requer mais que investimentos em obras e instalações, requer investimento nos seres humanos, no meio ambiente, na natureza contemplando suas diversidades e contradições.  Nesta nova lógica o Governo Lula/Dilma deu um grande passo e acreditamos que os Pontos de Cultura é um dos programas base nesta nova sociedade que começa a ser construída e temos a certeza que só um Governo Dilma dará continuidade, aprofundamento e transformará esta proposta de Governo em Política Publica.

Pra cultura seguir mudando e mudar o Brasil. DILMA 13

Quando o assunto foi meio-ambiente, Dilma prometeu criar mais áreas de preservação, enquanto Serra propôs parceria com os Estados. Foto: APEm clima morno, Serra e Dilma não puderam se confrontar e apenas responderam indecisos
Foto: AP

Os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) apresentaram oficialmente suas propostas pela última vez na noite desta sexta-feira (29) antes da decisão final do eleitor no segundo turno das eleições. Em debate realizado pela Rede Globo – que não teve confronto direto entre os candidatos ao Planalto -, um dos únicos momentos mais ásperos ocorreu quando o tucano citou o caso dos “aloprados”, ocorrido em 2006, e a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva retrucou lembrando os “sanguessugas”. Citada insistentemente durante toda a campanha e nos debates anteriores, o ex-governador paulista evitou citar a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, e também não ouviu de Dilma nada a respeito do ex-diretor do Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto.

Em formato menos estático que os debates realizados anteriormente durante primeiro e segundo turnos, os presidenciáveis se viram obrigados a responder à questões elaboradas por eleitores indecisos que ocupavam as cadeiras do estúdio e a abandonar as tradicionais bancadas.

Ainda no primeiro bloco, Serra criticou a impunidade em casos de corrupção e afirmou que muitas investigações caíram no esquecimento em âmbito federal, sem punição dos envolvidos. Serra citou o caso dos “aloprados”, de 2006, quando petistas supostamente ligados ao então candidato ao governador de São Paulo, senador Aloizio Mercadante, teriam montado um dossiê contra tucanos.

Dilma, por sua vez, citou o caso dos “sanguessugas” (quadrilha que desviava dinheiro para compra de ambulâncias), também de 2006, e disse que, para combater a corrupção, o País nâo pode ter um “engavetador geral da República” (alusão ao ex-procurador geral da República, Geraldo Brindeiro, durante o governo FHC).

“Vimos escândalos de grande porte e não foi ninguém preso, a impunidade floresce. O dinheiro do governo é de todos nós. Tem casos que ainda estão insepultos, que não aconteceu nada, como o caso dos aloprados”, disse Serra.

Na réplica, Dilma afirmou acreditar que nos últimos anos os casos de corrupção começaram a ser apurados com o fortalecimento da Polícia Federal. “É importante investigar e punir, doa a quem doer”, disse. A petista citou a Controladoria Geral da União como um “instrumento importante”, lembrando que foi o órgão responsável pela investigação da Operação dos Sanguessugas.

Educação e salário para o professor
No segundo bloco, a candidata do PT afirmou que para a educação avançar, é preciso haver a valorização do professor por meio de uma remuneração mais adequada. “Não tem como fazer qualidade da educação sem valorizar o professor. Elevamos o salário do professor para R$ 1024. É pouco? É. Mas o professor precisa ser valorizado para ganhar bem”, disse a petista. A presidenciável ainda afirmou que que “é preciso ter diálogo com professores, não recebê-los com ‘cacetete”.

O candidato tucano José Serra disse que tem experiência na educação, pois foi professor. “A remuneração é fundamental. Em São Paulo, o piso já era mais alto. Muitos Estados e municípios não estão pagando nem o piso”, diz Serra, que citou que a eleitora indecisa que fez a pergunta era da Bahia, governada pelo PT, “partido do governo Federal e nem assim foram feitos milagres”. O tucano disse ainda que, se eleito, irá fazer o Plano Nacional da Educação e um pacto com todos pela educação, “acima das disputas políticas e eleitorais”.

do Portal Terra

Em debate transmitido na noite de hoje, os dois candidatos ao governo do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB) e Lucas Barreto (PTB), trocaram acusações sobre o apoio de suspeitos presos na operação Mãos Limpas, da Polícia Federal, realizada no dia 10 de setembro, que investigou um esquema de desvios de verbas federais por políticos, empresários e funcionários públicos do Estado.

Capiberibe disse que Barreto tem o apoio do ex-governador e candidato derrotado ao Senado Waldez Góes (PDT), preso na operação da PF.

Barreto rebateu afirmando que Capiberibe tem o apoio do atual governador, Pedro Paulo Dias (PP), outro preso pela PF na operação. “Ele [Capiberibe] tem o apoio do Pedro Paulo Dias, mas ele esconde. É na calada da noite que eles se encontram”, disse Barreto, que ainda afirmou que Capiberibe se encontrou com Pedro Paulo no dia 14 de outubro.

Em outro momento, Capiberibe disse que Barreto é o candidato do senador e ex-presidente José Sarney (PMDB). “O senhor é o candidato do senhor Sarney, que mudança é essa?”

Barreto respondeu que Sarney não apoia ninguém no Estado, mas que pretende trabalhar com o senador, caso seja eleito. “Acho que temos que trazer o senador Sarney para o debate. Imagina ele [Capiberibe], se eleito, brigando com o senhor Sarney?”, disse Barreto.

Até mesmo o apoio de prefeitos foi usado na troca de acusações entre os candidatos. Capiberibe afirmou que Barreto tem o apoio de Roberto Góes (PDT), primo de Waldez e prefeito de Macapá. Roberto já foi ouvido pela PF duas vezes durante a operação Mãos Limpas. Barreto não negou o apoio e disse que o prefeito é “bem avaliado” pela população.

O tema do apoio de políticos presos na operação dominou todo o debate, inclusive quando os temas sorteados pela organização do debate incluíram saúde e habitação.

O debate entre os dois candidatos foi marcado pela tensão desde o início. Logo na primeira pergunta, Barreto perguntou para Capiberibe quantos hospitais foram construídos na gestão de João Capiberibe, seu pai e governador por dois mandatos (1995-2002).

“Isso não é um debate sobre o governo do PSB de oito anos atrás”, disse Capiberibe, que logo em seguida citou hospitais construídos na gestão de seu pai e disse o que pretende fazer na área caso eleito. Em diversos momentos do debate, Capiberibe acusou Barreto de “viver no passado”.

Os dois candidatos aproveitaram quase todos os momentos para atacar um ao outro. Barreto, ao perguntar quais seriam sua ações, como governador, para ajudar duas cidades do interior, ouviu de Capiberibe que “isso não é uma eleição para prefeito”.

Nas suas considerações finais, Barreto afirmou que queria se solidarizar com Wagner Aleluia, um militante de seu partido, que foi baleado em frente ao comitê do PSB na madrugada de sábado, quando voltava num ônibus alugado pelo PTB depois de um comício.

Os dois candidatos afirmaram que consideraram o debate “positivo”. Capiberibe, que teve dois direitos de resposta negados, afirmou que nunca se encontrou com o governador Pedro Paulo e que não tem seu apoio, ele também voltou a falar de Sarney e disse que o senador “representa o atraso no Amapá”. Barreto, ao comentar seus apoios, disse “que os presos voltam”, e que ele não pode julgar ninguém que ainda não tenha sido julgado.

Fonte: Folha Poder

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (29) que o Brasil é um país democrático e laico, por isso a população se manifesta do jeito que quiser. “Eu acho que cada um vai de acordo com a sua consciência”, disse, em referência à declaração dada ontem pelo papa Bento 16 para que os bispos brasileiros condenem a descriminalização do aborto. O tema vem sendo usado pela campanha dos candidatos a Presidência da República para conquistar votos

Não vejo nenhuma novidade na declaração do Papa. Esse é o comportamento da Igreja Católica desde que ela existe. Se você for ver o que a Igreja Católica falava há 2 mil anos, ela falava exatamente o que o papa falou”, declarou Lula durante sua participação na 26ª edição do Salão Internacional do Automóvel, que acontece em São Paulo.

O presidente minimizou a polêmica criada em torno da fala do pontífice e sua possível interferência no pleito de domingo (31). “Isso pode ser falado a qualquer momento. Pode ser falado ontem, hoje, amanhã, depois de amanhã”, afirmou.

Para Lula, a declaração da Igreja reforça a liberdade que existe no país, porque “a gente se manifesta, a gente ganha ou a gente perde, a gente pode pagar o preço pelos erros que cometer”. “Pelo reconhecimento da sociedade brasileira, parece que a gente teve mais acerto”, concluiu.


Maria Inês Nassif | VALOR

O novo presidente será conhecido já no domingo, tão logo contabilizados os votos das urnas eletrônicas. O novo Brasil político, no entanto, descortinou-se durante a campanha, é velho e conservador e merecerá certamente a atenção de especialistas depois do pleito. Os partidos, em especial os de oposição, conseguiram extrair da sociedade os seus mais primitivos preconceitos, por meio de uma agenda conservadora e religiosa. Qualquer que seja o resultado da eleição – e até esse momento não existem divergências entre as pesquisas dos institutos sobre o favoritismo da candidata Dilma Rousseff (PT) – o eleito terá de lidar com uma agenda de políticas públicas da qual foram eliminadas importantes conquistas para a sociedade como um todo, e na qual o elemento religioso passou a ser um limitador da ação do Estado.
A ação da igreja conservadora e de setores do pentecostalismo contra Dilma, por conta de sua posição sobre o aborto, é o exemplo mais gritante. No Brasil, a cada dois dias morre uma mulher em conseqüência de um aborto clandestino. A legislação brasileira ao menos conseguiu trazer mulheres que correm risco de vida em decorrência de um aborto que já foi malfeito para dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e garante que a rede pública faça com segurança os abortos aceitos legalmente – os de vítimas de estupro ou quando a gravidez coloca em risco a vida da mulher. Como assunto de saúde pública, o aborto não poderia ter ocupado o centro dos debates. Isso é uma questão de Estado. Como convicção moral, a mudança na legislação está na órbita do Congresso – e esses setores elegeram seus representantes. O debate eleitoral sobre o aborto, numa eleição para a Presidência, foi a instrumentalização política de um dogma – pelo menos dos setores religiosos conservadores – e excluiu do debate a maior interessada, a mulher. A eleição conseguiu retroceder décadas esse debate. O movimento feminista não agradece.
Campanha trouxe à tona preconceitos que pareciam abolidos
O país que se redemocratizou há um quarto de século e há 22 anos conseguiu entender-se em torno de uma Constituinte cujo produto final foi avançado politicamente, manteve uma reverência envergonhada aos atores políticos mais importantes do regime anterior – dos militares à Igreja conservadora – e um medo subjetivo de se contrapor de fato ao passado. Sem lidar com os seus fantasmas, tem reincorporado vários deles à vida política. É inadmissível que num país que viveu 21 anos sob o tacão militar, por exemplo, setores da sociedade (e os próprios militares) tenham reagido de forma tão desproporcional ao III Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), ou rejeitem de forma tão violenta o acerto com esse passado. Ao longo dos anos de democracia, determinados setores sociais passaram a reincorporar valores que pareciam ter sido abolidos do manual de como fazer política. Ao longo desses 25 anos que nos separam do último ditador militar, a direita, que se envergonhara no final da ditadura, lentamente desenterrou os velhos fantasmas e refez os preconceitos. Aliás, não apenas a velha direita. Uma nova direita, que se formou com atores que vinham também da resistência democrática, aceitou o caminho do conservadorismo ideológico para reaglutinar uma elite que ficou sem norte, e para a qual a emergência de grandes parcelas da população que estavam na base da estrutura social à classe média assusta – até porque a elite brasileira não tem historicamente experiência com realidades onde a disparidade de renda é menor e onde o aumento da escolaridade transforma pobres em cidadãos, e não em votos a serem manipulados.
Dentre todos os setores que atravessaram da esquerda para a direita nessas últimas duas décadas, o PSDB foi o que perdeu mais. Formado com um ideário social-democrático, mas sem experiência de articulação de política partidária e sem vocação para liderança de massas, chegou ao poder junto com o neoliberalismo tardio brasileiro, assimilou valores conservadores, incorporou-os ao seu tecido orgânico e sobreviveu, enquanto mantinha o governo federal, com a ajuda da política tradicional (e conservadora). Na oposição, não conseguiu voltar ao leito social-democrata. Deixou-se empurrar para a direita pelo PT, quando o presidente Luis Inácio Lula da Silva assumiu o seu primeiro mandato, e se aproximou tanto do PFL que as divergências entre ambos se diluíram ao longo do tempo, ao ponto de canibalizarem votos uns dos outros. Incorporou o discurso neoudenista, transformou-se num partido de vida meramente parlamentar, não reorganizou o partido para formar militância. O PSDB, hoje, é um partido que aparece como tal para apenas disputar eleições.
Isso é péssimo. O primeiro turno já compôs o Legislativo federal. O PT saiu das eleições mais forte. O PMDB, que é o partido que todos falam mal, mas do qual nenhum governo consegue se livrar, continua forte com a sua fórmula de funcionar como uma federação de partidos regionais e tende a incorporar o DEM, ex-PFL, e ficará mais forte ainda. Os demais, inclusive o PSDB, serão partidos médios – com a diferença que o PSB, por exemplo, é um partido médio em crescimento, e o PSDB terá que se reinventar para voltar a crescer, se não voltar a ser governo. O PT se acomodou no espaço da social democracia e o PMDB permanece no centro, se é possível atribuir a esse partido uma posição ideológica que não seja a da fisiologia. O espaço que o PSDB tem para se reinventar fora da direita é mínimo. O DEM e o PSDB deram muito trabalho ao presidente Lula, em oito anos de governo, mas carregaram no jogo neoudenista e se desgastaram demais. Além disso, a hegemonia paulista no PSDB permanece, o que obstrui caminhos de líderes não paulistas que poderiam reduzir o desgaste neste momento, como Aécio Neves (MG).
Não é arriscado apostar na emergência de um novo partido de oposição. O PSDB precisaria de lideranças muito hábeis para se reinventar, e de uma solidariedade e organicidade que nunca cultivou. E precisaria enterrar de vez os preconceitos e preceitos conservadores que têm desenterrado a cada nova eleição. Enfim, empurrar-se de novo para uma posição de centro. O passado do partido, todavia, não recomenda que se trabalhe com essa hipótese.

Maria Inês Nassif é repórter especial de Política. Escreve às quintas-feiras

O que posso dizer

OSCAR NIEMEYER


Assusta-nos imaginar o que aconteceria no caso de vitória de Serra: seria uma repetição do que ocorreu no Brasil antes da Presidência de Lula


“Temos que ter cuidado é para eleger uma pessoa que tenha compromissos de manter o que foi conquistado e aprimorar o que precisa ser aprimorado. Ou seja, fazer o dobro do que nós fizemos.” (De entrevista concedida pelo presidente Lula a Fernando Morais, publicada pela revista “Nosso Caminho”, em novembro de 2008).

O importante para nós da esquerda não é, propriamente falando, este momento da disputa entre Dilma Rousseff e José Serra, embora de seu resultado dependa a continuação das políticas de Lula, que tanto vêm engrandecendo o país e assegurando uma vida mais digna ao povo brasileiro.

Assusta-nos imaginar o que aconteceria no caso de uma vitória de Serra. Seria a repetição do que ocorreu no Brasil anteriormente à Presidência de Lula: o governo afastado do povo, alheio ao que se passa na América Latina, indiferente à ameaça que o imperialismo dos EUA representava para os países do nosso continente.

Seria o avançar do processo de privatização de grandes empresas nacionais e de empreendimentos de valor estratégico para este país. Tudo isso é tão claro aos olhos da maioria dos cidadãos brasileiros que, confiantes, vêm apoiando, sem recuos, a candidatura Dilma.

Não sou especialista em ciência política para entrar em detalhes sobre o assunto; a imprensa disso se ocupa o tempo todo.

Na minha posição, de homem de esquerda, o que interessa não é analisar exaustivamente os programas de governo que cada um dos candidatos apresenta, mas defender a permanência das diretrizes fixadas pela gestão de Lula, tão autêntico e patriótico que surpreende o mundo inteiro.

Eis o que vocês da Folha me pedem que escreva e que eu, modestamente, procurei atender.


OSCAR NIEMEYER, 102, arquiteto, é um dos criadores de Brasília (DF). Tem obras edificadas na Alemanha, Argélia, EUA, França, Israel, Itália, Líbano e Portugal, entre outros países

Considero eminentemente pífia a atuação de Serra no Ministério da Saúde; seus genéricos pouco têm a ver com aqueles que planejamos

Como consequência da Guerra das Malvinas, quando a Argentina, por ter abdicado da produção própria de fármacos, ficou desabastecida de medicamentos, o governo militar brasileiro aprovou um programa, por mim proposto, de desenvolvimento dos princípios ativos (fármacos) dos 350 remédios constituintes da farmácia básica nacional.

Estimava-se que, em dez anos, seria possível desenvolver, por engenharia reversa, pelo menos 90% desses produtos.

De fato, em pouco mais de três anos, cerca de 80 processos já haviam sido desenvolvidos e 20 produtos já estavam sendo produzidos e comercializados por empresas brasileiras.

O sucesso inicial desse projeto permitiu que fosse iniciada por mim, nesta Folha, uma campanha de esclarecimento sobre medicamentos genéricos, o que não teria sentido sem a produção própria de fármacos.

Precipitadamente, o governo Itamar Franco tentou lançar a produção de genéricos. O poderoso cartel de multinacionais de medicamentos se insurgiu. Ameaçou-nos de desabastecimento, de verdadeira guerra.

Derrotou e humilhou o Ministério da Saúde. Poucos anos depois, esse cartel não somente cedeu prazerosamente ao ministro José Serra, então na pasta da Saúde, como até fez dele seu “homem do ano”.

Seria o costumeiro charme do ministro? Seu sorriso cândido? Senão, qual o mistério?

Como consequência da isenção de impostos de importação para o setor de química fina, da infame lei de patentes e de outras obscenidades perpetradas pela administração FHC, mais de mil unidades de produção no setor de química fina, dentre as quais cerca de 250 relativas a fármacos, foram extintas.

Além do mais, cerca de 400 novos projetos foram interrompidos. Os dados foram extraídos de boletim da Associação Brasileira de Indústria da Química Fina.

Em poucos anos, o deficit da balança de pagamentos para o setor saltou de US$ 400 milhões para US$ 7 bilhões.

Quem acha que, com isso, Serra não merece o título de homem do ano das multinacionais de medicamentos?

Também os “empresários” brasileiros do setor de genéricos têm muito a agradecer ao ex-ministro da Saúde, pelas suas margens de lucro leoninas.

Basta ver os imensos descontos oferecidos por quase todas as farmácias, que com frequência chegam a 50%.

Os genéricos do Serra nada têm a ver com os genéricos que planejamos. E o tão aclamado programa de Aids do Serra?

É compreensível que todos os seres humanos, e talvez também o ministro Serra, tenham se comovido profundamente com a súbita e aterrorizante explosão da Aids.

Que oportunidade sem par para políticos demagógicos! A ONU homenageou o então ministro Serra pelo mais completo e dispendioso programa de apoio aos doentes de Aids de todo o planeta.

Países ricos, com PIB per capita dez vezes maiores que o nosso, ficavam muito aquém do Brasil. Como foi possível?

E por que será que, nesse mesmo período, os recursos orçamentários destinados ao saneamento básico não foram usados?

O então dispendioso tratamento de um único doente de Aids correspondia à supressão de recursos para saneamento básico que salvariam centenas de crianças de doenças endêmicas, com base em uma avaliação preliminar.

Será que Serra desviou recursos do saneamento básico? Mistério! Mas persiste o fato de que, durante a administração Serra na Saúde, os recursos destinados ao saneamento, à época atribuídos a esse ministério, não foram aplicados.

Mesmo sem contar mistérios como aqueles dos “sanguessugas” e da supressão do combate à dengue no Rio, entre outros, considero pífia, eminentemente pífia, a atuação de Serra no Ministério da Saúde. (Fonte: Folha de S. Paulo).

ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, 79, físico, é professor emérito da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), presidente do Conselho de Administração da ABTLuS (Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron) e membro do Conselho Editorial da Folha.

Fonte: http://www.participabr.com.br

Texto imperdível, preciso, contundente, faca amolada !

FHC e a Contra-Reforma Tucana Fernando Henrique Cardoso é hoje um velho solitário de Higienópolis, por onde zanza, esquecido, entre moradores indiferentes.  Pelas ruas do nobre bairro paulistano, FHC nem curiosidade mais desperta nos transeuntes, embora muitos deles o aceitem como mau professor da aula magna do neoliberalismo a … Read More

via Brasília, eu vi

Serra como instrumento de punição às mulheres que defendiam o aborto, na Idade Média

Fernando Henrique Cardoso é hoje um velho solitário de Higienópolis, por onde zanza, esquecido, entre moradores indiferentes.  Pelas ruas do nobre bairro paulistano, FHC nem curiosidade mais desperta nos transeuntes, embora muitos deles o aceitem como mau professor da aula magna do neoliberalismo ainda ensaiada, agora em ritmo de Marcha sobre Roma, pelo candidato José Serra, herdeiro político a quem despreza. Serra escondeu Fernando Henrique ao longo de toda a campanha eleitoral para só resgatá-lo quando, desfeita qualquer possibilidade de uma vitória digna, os tucanos embicaram em direção à vala golpista do moralismo anti-aborto, do terrorismo religioso e da malandragem política que faz de demônios miúdos símbolos sagrados da cristandade.

FHC é ateu, embora tenha passado seus oito anos de mandato escapulindo das patrulhas religiosas, diga-se, sem muito esforço, apoiado que era pela mídia e pelas representações do grande capital. Era, por assim dizer, um santo do pau oco ostensivamente tolerado por cardeais do PFL que o controlavam, beatos interessados em dividir o pão das estatais a preço de banana ao mesmo tempo em que vendiam indulgências políticas aos cristãos-novos do PSDB, estes, alegremente ungidos pelo papa ACM I, o Herético. Não por outra razão, céu e inferno se moveram, em conluio, para esconder na Espanha o filho bastardo de Fernando Henrique com uma repórter da TV Globo enquanto durasse, na Terra, o reinado do príncipe dos sociólogos. Assim foi feito. Fiat voluntas tua.

Anjo caído na Praça Vilaboim, FHC não é mais sombra do que era, pelo contrário, circula entre os mortais a remoer, aqui e ali, a mágoa de ter sido esquecido pelos que tanto comeram em sua mão. Mesmo agora, que Serra, abençoado pela Padroeira e batizado nas pias da TFP, encorajou-se a falar das privatizações, o velho ex-presidente sabe que, para ele, mesmo as semelhanças se tornaram distantes. Porque se FHC se moveu para a direita pelo viés econômico, embalado pela onda mundial da globalização made USA, Serra decidiu se jogar no precipício do fascismo sem máscaras nem rede de segurança, disposto a arreganhar os dentinhos para defender os fetos que Dilma Rousseff pretende assassinar, segundo avaliação criteriosa de Mônica Allende Serra, postulante ao cargo de primeira-dama e, provavelmente, ao de inquisidora-mor do Santo Ofício tucano.

De alguma maneira, no entanto, nos passos solitários que dá entre a banca de jornal e a padaria da dourada comunidade onde vive, Fernando Henrique Cardoso deve ter lá seus momentos de depressão mundana, ainda que, movido pela vingança, nada faça para conter a insensatez e o ridículo de seus correligionários e velhos companheiros empenhados, no alvorecer do século XXI, a jogar a política brasileira nas trevas da Idade Média. Faria melhor, na quadra da vida em que se encontra, se barrasse, com a autoridade que lhe resta, essa cruzada insana.

Fernando Henrique sabe que foi graças a ele, às alianças e escolhas que fez, que o PSDB, força política nascida como anunciação de novos tempos de ética e de igualdade social, transformou-se na trombeta do apocalipse da Opus Dei, seita fundamentalista católica onde se ajoelha e reza o governador eleito de São Paulo Geraldo Alckmin.

Não é possível não lhe vir, lá no fundo do peito, um quê de amargura ao vislumbrar o quão graúdas e salientes se tornaram as serpentes que plantou em ovos na democracia brasileira, sobretudo a mais virulenta delas, em plena e venenosa atividade, entocada no Supremo Tribunal Federal.

Talvez seja a hora de FHC se confessar

Posted by Leandro Fortes under Desespero 
 

E quando acabar essa moleza, não se esqueçam: é pra votar no Serra!

O conteúdo abaixo caiu na minha caixa de spam, hoje de manhã, enviado por um certo Rodrigo Roni, certamente um dos muitos brucutus de internet a serviço da campanha de José Serra. Normalmente, apago da minha caixa de mensagem de e-mails correntes de quaisquer naturezas, pela óbvia razão de serem escritas e disseminadas por fanáticos religiosos, militantes políticos extremistas e idiotas em geral. Esta, contudo, embora não fuja à regra, é bastante emblemática sobre o desespero de certa porção da classe média em relação à perspectiva da vitória de Dilma Rousseff e da continuidade dos programas sociais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se de um panfleto anti-petista por excelência, recheado de preconceitos e ofensas amarguradas, um último apelo à insensatez em nome da preservação dos piores e mais mesquinhos valores dessa parcela da sociedade brasileira que caminha, felizmente, para a extinção. 

Para garantir votos ao tucano José Serra, a corrente estabelece uma fórmula baseada, explicitamente, nas relações da Casa Grande com a Senzala. Ensina ao patrão e à dona-de-casa de classe média como convencer empregadas domésticas, porteiros, motoristas, ascensoristas e empregados em geral do perigo que representará a eleição de Dilma. Reparem que as recomendações são para os empregados de dentistas, advogados, clientes, nunca para os dentistas, advogados e clientes, desde já colocados como pessoas de primeira categoria, portanto, imunes ao discurso patético de persuasão apregoado pelo panfleto. Há, ainda, o risível apelo a ser feito “ao atendente da sauna, da academia, da escola de natação, da escola de inglês das crianças”.

Enfim, um texto altamente representativo do tipo de elite que temos no País, suas razões, seus preconceitos, seus medos e seu instinto de preservação baseado em conceitos primários. Uma elite que acha que pode convencer seus serviçais, a quem trata como escravos, a não votar na continuidade de um projeto político que lhes garantiu, pela primeira vez na vida, emprego formal, crédito, qualidade de vida, auto-estima e representação política real.

No auge do desespero, o autor do texto deixa transparecer seu caráter doentio ao se referir a Dilma como “perereca assassina e terrorista”. É essa gente que se coloca como alternativa a um governo popular que tirou o Brasil do buraco.

Vale a pena ler, portanto, esse tratado da demência de auto denominados “formadores de opinião”: 

Como Ganhar Votos para o Serra   

Meus amigos, 

Tenho recebido da maioria de vocês, quase que diariamente, emails de indignação contra PT e Dilma.Ficar falando entre nós não leva a nada. E o que a gente precisa fazer é ir atrás dos indecisos, dos que possam até gostar do Lula mas não necessariamente da Dilma, quem sabe ainda dá pra virar essa eleição. 

Mas eu pergunto – o que realmente estamos fazendo para que o José Serra ganhe esta eleição??? Por que não adianta nós, os denominados “formadores de opinião” ficarmos trocando emails de coisas que já sabemos. Assim, convoco a todos para um pacto que é:

CONVERSAR COM, NO MÍNIMO, DUAS PESSOAS POR DIA SOBRE A ELEIÇÃO PRESIDENCIAL E CONVENCER ESTA PESSOA A VOTAR NO SERRA

Quem são as pessoas que temos que conversar e convencer:

·        a sua assistente doméstica / sua diarista

·        seus funcionários

·        o guarda da escola das crianças, a tia da escola, a tia da cantina

·        o porteiro da sua casa e do seu trabalho

·        o manobrista do seu carro, para quem usa estacionamento

·        o ascensorista do prédio do seu dentista, do seu advogado, do seu cliente

·        o frentista do posto de gasolina

·        a caixa do supermercado, da farmácia, do sacolão, …..

·        a recepcionista da empresa do seu cliente

·        a vendedora da loja de sapato, de roupa, ….

·        o garçon do restaurante e do boteco

·        o cabeleireiro, a manicure, a fisioterapeuta, a massagista,

·        o atendente da sauna, da academia, da escola de natação, da escola de inglês das crianças, etc

Vejam que todos os dias, encontramos no mínimo 10 pessoas diferentes na nossa vida. Daqui até o dia 31 de outubro são somente 12 dias de trabalho, em prol da mudança de grupo político para governar nosso país.

Não queremos ver o PT mais 8 anos no governo se locupletando e explorando a boa fé dos incautos e/ou ignorantes.

Em vez de falar do tempo, vamos falar da eleição. Quando encontrar alguém no elevador, pergunte em quem ele vai votar. E se essa pessoa disser que vai votar no Serra, instigue ele a entrar nessa campanha.

Não envie apenas, emails falando do passado da Dilma, que o Lula não estudou, que o governo do PT sabia do mensalão, (isso nós já sabemos).

Vamos à luta!!!

Esse é o momento, FAÇA A SUA PARTE!!! Ninguém vai saber se você fez a sua parte, somente você e Deus.

A hora de trabalhar é agora !!

Esta é uma corrente… do BEM.

Funciona assim:

Se você passar este e-mail para pelo menos 10 outras pessoas e estas passarem para outras 10, e assim por diante, ao final de outubro um milagre irá acontecer e beneficiará você e sua família e a todas as famílias que repassaram esta corrente. Já, se você simplesmente ignorar esta corrente, não a repassando, ao final de outubro você será amaldiçoado com o pior de todos os pesadelos: aturar a perereca assassina e terrorista por quatro longos anos de sua vida!!!! Pense bem !!

Não se esqueça!

Foi a Internet que ganhou o plebiscito do desarmamento.

Portanto, podemos vencer essa eleição também, se nos concentrarmos em um candidato melhor que o Lula. Com ela: PODE FICAR MUITO PIOR