Consultorias preveem aumento dos aliados do governo atual
De acordo com estudos das consultorias Arko Advice, Patri Políticas Públicas e do Diap, quatro partidos que estão na base aliada do Governo Lula podem eleger até 52% do total de deputados federais para a legislatura 2011 a 2014.
Consultorias preveem aumento dos aliados do governo atual
De acordo com estudos das consultorias Arko Advice, Patri Políticas Públicas e do Diap, quatro partidos que estão na base aliada do Governo Lula podem eleger até 52% do total de deputados federais.
Quatro partidos que estão na base aliada do atual governo podem crescer até 29,8% nas eleições deste ano para a Câmara. O dado refere-se a projeções das consultorias Arko Advice e Patri Políticas Públicas e do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) para o PMDB, o PT, o PSB e o PCdoB, que hoje reúnem 208 deputados, ou 40,5% da Câmara. Em 2011, a expectativa dessas instituições é que esses partidos somem entre 202 e 270 parlamentares, ou 39,3% a 52,6% do total de deputados federais.
Já para a oposição, os estudos preveem resultados diferentes entre os partidos. No caso do PSDB, que hoje conta com 59 deputados, os números previstos variam entre os institutos: Arko e Diap – de 55 a 70 deputados; Patri – 66 deputados. O cientista político David Fleischer estima em 58 o número de deputados tucanos a serem eleitos neste ano.
Em relação ao DEM, hoje com 56 deputados, a expectativa é de recuo para 40 a 50, segundo a Arko; 48, de acordo com a Patri e com David Fleischer; e 38 a 53, pelo Diap. Já o PPS, hoje com 15 deputados, deve eleger entre 10 e 18 (Arko); 10 (Patri); 15 a 20 (Diap); e 14 (David Fleischer).
Critérios da análise
O sócio e diretor de análise política da Arko Advice, Cristiano Noronha, explica que as projeções foram feitas com base no resultado dos partidos em eleições passadas, nas alianças estaduais e na avaliação do perfil dos principais candidatos, cujos votos podem eleger também outros colegas de partido.
O Diap levou em consideração também a popularidade dos partidos, os recursos disponíveis para as campanhas, as parcerias com candidatos a cargos de eleição majoritária e as pesquisas eleitorais recentes.
O principal motivo para o crescimento das bancadas aliadas ao atual governo, segundo Noronha, é a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo governo conta com 79% de aprovação, conforme pesquisa do Datafolha divulgada em agosto. “Muitos candidatos estão usando a imagem do presidente e a base aliada tende a surfar na onda do Lula”, argumenta.
No entanto, para o cientista político e pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Jairo Nicolau, essas previsões não passam de “chutes com bom senso”.
Bancada petista
O aumento da bancada aliada ao governo atual poderá ser ainda maior se as urnas confirmarem a previsão do doutor em ciência política Alberto Carlos Almeida. Segundo ele, o PT, que hoje conta com 79 deputados, poderá eleger 130 parlamentares para a Câmara, ou 25,3% do total de deputados federais.
A projeção é baseada em uma suposta associação direta entre a quantidade de eleitores simpáticos ao partido e a proporção de deputados eleitos. Hoje, observa Alberto Carlos, a preferência em relação ao PT gira em torno de 25% dos eleitores – e poderia chegar a 30% nos dias mais próximos às eleições. Segundo o pesquisador, esse tipo de associação só teria validade para o PT devido à fidelidade eleitoral ao partido confirmada nas últimas cinco eleições.
Já as projeções de crescimento da Arko Advice, da Patri, do Diap e de David Fleischer para o PT são mais modestas. Os institutos preveem a eleição de 85 a 110 deputados petistas.
Para consultorias, haverá recuo das bancadas da oposição
Para os partidos de oposição ao governo atual, a expectativa das consultorias Arko Advice, Patri Políticas Públicas e do Departamento Intersindical de Assessoria parlamentar (Diap), na maioria dos casos, é de recuo no tamanho das bancadas.
No caso do DEM, o sócio e diretor de análise política da Arko Advice, Cristiano Noronha, aponta alguns motivos para a possível queda:
– o desgaste causado pelo chamado escândalo do mensalão de Brasília, que levou à prisão o então governador José Roberto Arruda, eleito pelo DEM, em 2006;
– a perda de espaços políticos tradicionais no Nordeste para outros partidos, como o PMDB e o PT; e
– a “falta de lideranças significativas”.
Para o pesquisador Alberto Carlos Almeida, a queda é “a consequência natural” da alta popularidade do Governo Lula. “Esses altos índices de aprovação do governo são raros, e isso gera impactos em toda a Câmara, pois a oposição tende a perder espaço”, explicou.
Já o aumento que as consultorias preveem para a bancada do PSDB, de acordo com Noronha, é resultado da candidatura de um representante do partido à Presidência da República. “O PSDB pode vencer em estados importantes, como São Paulo e Paraná, por exemplo”, aposta.
Onda verde
As projeções para o Partido Verde na Câmara em 2011 são divergentes. A legenda, que hoje conta com 14 deputados federais, deve eleger de 18 a 25 representantes, segundo a Arko Advice; 20, segundo Almeida; 14, de acordo com a Patri Políticas Públicas; e de 10 a 15, segundo o Diap.
As divergências entre os estudos ficam ainda mais claras ao se observar as variações possíveis no tamanho da bancada do PV para o próximo ano: aumento de 53,5%, na média, pela Arko; aumento de 42,8%, por Almeida; nenhuma variação, pela Patri; e diminuição de 10,7% no tamanho da bancada verde, pela média das projeções do Diap.
Cristiano Noronha justifica a expectativa de aumento do PV na Câmara pela candidatura de Marina Silva à Presidência. Já Alberto Carlos Almeida minimiza essa relação: “Deve sim haver um crescimento do partido resultante da difusão da imagem de Marina, mas nada muito relevante.”
Especialista diz que projeções para bancadas são “chutes”
As previsões de bancadas partidárias não são consenso entre os cientistas políticos. Para o pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Jairo Nicolau, por exemplo, as projeções “não têm nenhuma base técnica e não passam de chutes com bom senso”.
Uma comparação entre as projeções feitas em 2006 e o resultado das eleições para a Câmara no mesmo ano apontam que a confirmação das previsões não é regra. Entre as 15 projeções de 2006 da Arko Advice, por exemplo, 10 estavam corretas.
Já no caso do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), sete entre 15 previsões confirmaram-se. Confira no quadro comparativo abaixo da matéria.
Votos não ideológicos
Segundo Jairo Nicolau, os eleitores costumam escolher seus candidatos por suas características pessoais, não por seus partidos, o que acaba impedindo uma previsão mais clara sobre aumento ou diminuição das bancadas na Câmara.
“No Brasil, alguém pode votar na Dilma para presidente, por exemplo, e em algum candidato a deputado da oposição porque é da sua igreja. O que conta nessa hora é a religião, a classe econômica ou a região de origem, muito mais que o partido, na grande maioria das vezes. Isso torna imprevisível a dinâmica das bancadas na Câmara”, argumenta.
Além disso, segundo ele, a dificuldade em se antever os votos de legenda – destinados a um partido, e não a um candidato específico – impede projeções mais exatas para o tamanho das bancadas.
Nem o resultado das eleições anteriores pode demonstrar uma tendência de votos para a Câmara, de acordo com o cientista político: “A associação com outras eleições pode ser comprovada em alguns estados, mas não em outros. É quase impossível ter precisão nesse tipo de análise”.
Reportagem – Carolina Pompeu
Edição – Newton Araújo